" Paz das montanhas, meu alívio certo! "

30/12/2010

Sonho de montanhista



Eles não sabem nem sonham

Que o sonho comanda a vontade

E sempre que um montanheiro sonha

O corpo pula e a perna avança

Como um ser de tenra idade
 
Entre uma vontade de ser criança!




Eles não sabem nem sonham

Que o sonho é uma beleza

E sempre que um montanheiro sonha

O mundo fica mais preenchido

Como o prado ao pé da meda

Como as palavras de um bom amigo!









Salta! Corre! como uma cabra ou um garrano!

Dá a tua força aos que querem sonhar!

Quem pensa que há melhor, não sente o fascínio!

De poder seguir em frente e marchar!




Sorri! Sente!Como o Sol ,como o coração!

Dá o que tens, basta só isso!

Sente a capacidade de fazer os outros felizes!

Pois estás em pleno paraíso na terra!

Não é preciso rimar



Basta apenas acreditar!







Perco o sono, perco o medo!

Mas não perco o sentido de orientação!


Sigo sempre as pedras e o bruto granito

Como se do ventre delas tivesse surgido.

Repouso no seu colo e suspiro,

Dá-me montanha a tua vida a tua energia!


 
Eles não sabem nem imaginam!

Como é fascinante a Natureza!

Como é gratificante a sua beleza!

Beber da água pura e fresca!

Sentir desejo de ficar alí...

E de nunca mais de lá sair!!





Se eu pudesse te levar!

Se eu pudesse te agarrar!

Minhas mãos são tão pequenas!

Minha alma é  tão imensa!

Está reservada para  ti!

E para todos a quem eu amo!

Eles não sonham nem desejam!

O mesmo que eu a ti!

Cada um seu sentimento,

Cada sentimento a sua alma,

Cada alma o seu desejo,

Cada desejo o seu prazer,

Mas se este prazer terminar...que irá acontecer?!!




Sente a presença, sente a imponência!
Sente a vontade e a inocência!.




Águia de asa redonda, a onde vais?

que andas a voar tão alto!

leva-me ao céu contigo,vem!

Que lá de cima digo adeus à minha serra!





25/12/2010

Natal de 1951



Regresso

Regresso às fragas de onde me roubaram.
Ah! minha serra, minha dura infância!
Como os rijos carvalhos me acenaram,
Mal eu surgi, cansado na distância!

Cantava cada fonte à sua porta:
O poeta voltou!
Atrás ia ficando a terra morta
Dos versos que o desterro esfarelou.

Depois o céu abriu-se num sorriso,
E eu deitei-me no colo dos penedos
A contar aventuras e segredos
Aos deuses do meu velho paraíso.



                                                                                                 - Miguel Torga -

20/12/2010

S. João da Fraga


Era uma fraga, estrategicamente colocada, para que nela nascesse uma pequena capela que permanece até aos dias de hoje. Seus construtores ninguém sabe, seus parentes são só suposições, mas ela está lá e isso é o que importa, pois continua a atrair quem lá vai, quem lá quer ir, quem lá nunca foi.

 Estimada por todo o povo que habita na aldeia mais próxima, a serrana aldeia de Pitões das Júnias,  tipicamente Geresiana. Aldeia de tradições ancestrais e de raízes culturais célticas, bela e juntamente tenebrosa, constituída por paisagens esplêndidas e ofuscantes que intimidam a quem de longe lhe pousa o olhar.

Tudo vale a pena quando a alma não é pequena, Já dizia Fernando Pessoa! E neste caso grandes são as almas ,pois vale a pena visitar esta pequena capela, que se encontra numa fraga no sentido sol-poente,de bela franqueza! Um exemplo de um elemento simples sem adornos e estilos rococós , simples como o Sol que nasce e alegra o dia e a lua que surge no escuro iluminando as sombras.  Um ponto branco que sobressai, uma pequena  grandiosidade pelo sítio onde germinou e que ainda exige um pequeno sacrifico para quem quer lá chegar.

O percurso é esplendoroso! Partindo da aldeia de Pitões, descendo até ao vale e logo após a  Mata do Beredo uma das  poucas matas preciosas que o parque nacional desfruta,  constituída maioritariamente por Carvalhos - negrais mas c/ mais outras espécies como o Freixo, a Bétula, o Azeredo, o Azevinho, a Aveleira e o Abrunheiro - bravo.

Passando antes disto tudo, por campos viçosos e verdes apetecíveis aos animais de pura raça barrosã. Com um bocado de sorte, vai-se ouvindo ao longe o cantar da gente que os guia, quase sempre com um grande bordão numa das mãos para  orientar. Já no vale atravessamos o ribeiro fresco de Beredo através de uma ponte de madeira, e vamos contemplando o carvalhal por ali existente. Em  época de Outono podemos ter a sorte de avistar alguns cogumelos lindíssimos.

Pouco tempo se marcha em terreno plano, só mesmo no vale porque logo começa gradualmente a subir até praticamente à capela.O percurso é agradável a única desvantagem é que caminhamos sempre em direcção ao Sol o que  poderá tornar o percurso mais maçador. Para tirar fotografias em certos ângulos pode também não dar os melhores resultados, por causa desse mesmo efeito.





Cabeça de Índio



Quase a chegar deparámos com em escadario talhado na própria fraga, o que nos leva rapidamente a concluir que sem ele era quase impossível chegar ao destino, a não ser escalando!
Após estar lá, é quase como estar no cimo do mundo! Daquele pequeno mundo! A vistas são extasiantes! Albufeira da Paradela, as cristas alterosas e imponentes da Serra do Gerês, em baixo alguns prados cheios de linhas de água, do lado oposto do vale de Beredo no planalto da Mourela a pitoresca aldeia de Pitões, pouco mais para a direita a  Cascata.









Vales

Albufeira da Paradela
Pitões lá ao longe!
A cascata

A Serra em bruto!

Descida
De volta ao caminho,

Sente-se a brisa  a refrescar as nossas faces, sente-se o aroma da serra, sente-se a frescura e um conforto na alma! Uma paz de espírito e uma satisfação pessoal!
E por todo tempo permanecia esta questão na minha mente: Mas quem será que se deu “ ao trabalho” de construir esta capela? E qual a sua razão?













São algumas as histórias... mas não há nenhum registo em concreto.