Após uma noite soberbamente silenciosa, a manhã chegou acordando meu corpo, depois de Orion abrir a porta da cabana deixando a luz penetrar.
Com os meus olhos ainda preguiçosos, teimei despertá-los e ver a matinal paisagem serrana! O cenário como sempre é belo e difícil de descrever...
Fui lavar a cara na água fresca que brota e enche o pequeno tanque ali perto, ao som dos pássaros que nessa manhã não paravam de cantar! Apreciei as pequenas aves que voavam e chilreavam em simultâneo, umas vezes parando no cimo das estacas que servem de apoio aos pequenos carvalhos, outras pousando no chão em frente à cabana Penedã, saltitando e debicando o chão verde à procura do primeiro petisco da manhã.
Arrumámos tudo após o pequeno almoço, lavei as poucas peças de loiça que também tinha sobrado do dia anterior, com o sabão tradicional azul, passei um pano húmido pelas mesas e cadeiras da cabana e atirei bocados de um pão para a erva ainda húmida do orvalho, para que os passarinhos pudessem usufruir de um manjar, uma forma de agradecimento por nos terem oferecido as suas melodias logo pela manhã!
Depois foi só dar uma ultima " vista de olhos", fechamos a porta e despedimo-nos do local.
O tempo estava óptimo para caminhar, ao longe pairavam umas nuvens dispersas, mas não pareciam ameaçar o dia. Seguimos rumo ao Borrageiro
De passagem parámos nas minas do borrageiro há muito abandonadas ao capricho do tempo, mais uns vestiígios do homem, cicatrizes na serra tomadas pela vegetação...
Por lá perto saltitou uma corça desaparecendo rapidamente por entre as pedras graníticas
Reparem bem! Do lado esquerdo! |
De companhia só nos restou o presença e o som das abelhas e outros insectos, atarefados à volta das urzes e de todas as flores que conseguiam penetrar! Graças a estes admiráveis insectos usufruímos do néctar mais puro e doce da mãe natureza!!
A montanha do borrageiro não saía da nossa vista e criava uma ilusão óptica de crescimento à medida que nos aproximávamos.
Orion fez questão de subir a um dos cumes, enquanto eu fiquei cá em baixo apreciando a valsa das borboletas e os pequenos pássaros cujo eco do canto percorria toda aquela área!
Cheguei mesmo a pensar que seriam os mesmos pássaros a seguir-nos...
Mas o simpático rapaz, lá nos trouxe uma amostra do cenário que conseguiu observar lá dos altos, e aqui vai:
Continuámos o percurso e seguimos os vestígios das grandes mariolas, construídas por os quatros simpáticos Geresianos com quem conversamos no dia anterior, gente extraordinária que cuidam desta serra como se de suas casas se trata-se!! Será que os seus descendentes irão seguir-lhes os passos?
O velho pinheiro de que nos falaram também, lá estava, era difícil não dar com ele!!Não há duvida que se trata de um velho e majestoso pinheiro silvestre, resistente às intempéries do tempo , não tendo ele voz para falar... teria com certeza muito para nos contar!!
E eu a vê-los passar...! |
Continuando, descendo e subindo,pensava eu que ainda não tinha visto uma cobra desde ontem, e logo uma quase se cruzava à minha frente,rastejando lentamente pela vegetação,deu para perceber que não se tratava de uma víbora!
vestígios de uma exploração mineira perto de cidadelhe, pensamos ser o paiol dos explosivos. |
Parámos no curral dos Bezerros para almoçar.
Ementa: Frango assado de Pincães (caseiro), oferecido pelos senhores do dia anterior,acompanhado de cuscus já cozido por nós e um delicioso suco de uvas daquelas terras também!!Hum...estava delicioso e que o digam as formigas, mal apanhando um pouco de cuscus pareciam umas baratas tontas à procura de mais!!Acabei por deixar um pouco para as mesmas, e quando partimos ainda fiquei a apreciar estes animais tão pequeninos transportando bolinhas brancas, cheios de força e energia! E eu a vê-las trabalhar...e nós a passear!!
Seguindo sempre em direcção a Rocalva, na esperança de a cabana estar vazia e pronta para nos receber, continuamos o percurso calmamente passando ao lado dos prados da Messe e fazendo uma paragem no curral do Conho.
Neste percurso vimos cavalos na Messe e Orion avistou uma cabra montesa já perto de Rocalva que desapareceu tão rapidamente quanto surgiu entre os duros penhascos!!
Rocalva estava deslumbrante!! Coberta de uma enorme carpete verde, de ervas viçosas e muito feno, quase tapando metade no nosso corpo!
A cabana por dentro estava limpinha, mas cá por fora alguém se tinha esquecido de umas garrafas... ou estavam já muito cansados de transportar as garrafas para casa...apesar de vazias!!!
Há sempre qualquer coisa que tem de estragar o cenário!
Ó Isidoro! estás quase a ser assado!! |
Massa com salsichas e tomate, acompanhado com o resto do vinho tinto de Pincães...para sobremesa um chouriço grelhado!!
E já eras!!! |
Olhando para a pequena pedra a servir de mesa junto à cabana, lembrei-me da última vez que estivemos reunidos com alguns amigos, amantes da Natureza, e sorri pelos aprazíveis momentos que passámos todos juntos!!Mas desta vez o momento era só nosso e mais uma cabana por nossa conta!
Enquanto ingeríamos o menu da noite, observamos duas corças em suspeita amizade, junto ao Cutelo de Pias. Adoçamos as nossas bocas com licor de mel, feito pela mãe de um amigo de Vila Nova/Ferral e pouco depois fomo-nos deitar.
Nessa noite saí da cabana por um largo periodo de tempo, para me despedir do véu negro adornado de estrelas e iluminado pelo luar. Não se ouvia nada! Absolutamente nada! Apenas o som das folhas dos carvalhos que a dado momento o vento tocou ao de leve, estremecendo tudo que era vida e energia naquela serra momentaneamente adormecida!
Hum...e só de pensar em tudo isto já sinto uma imensa saudade!!
Agora vou-me deitar novamente, mas na minha cama!
Depois publicarei o dia seguinte, o da partida, com um encontro muito especial...contarei depois :)
Até já!!
Buenas!
ResponderEliminarBonito trilho e altas fotos!
O Isidoro vai-te dizer das boas ó Salta penedos!
Bjs&Abr.
Boas pessoal,
ResponderEliminar- Fantástico relato, uma vez mais.
- É curioso, eu estou a pensar efectuar o mesmo percurso ainda este mês, também em autonomia. No entanto, tenho uma pergunta para vos colocar. Desde Fafião até ás Lagoas do Marinho o trilho encontra-se devidamente «mariolado»?
Um Abraço Montanheiro,
Pedro Durães
Olá
EliminarA resposta é complicada, a ligação fafião-palma não está muito explicita, apesar de depois de se "apanhar" o trilho este estar mariolado até às lagoas. Este trilho é utilizado pelos habitantes de Pincães para acederem aos seus currais, os currais de Fafião são mais para oeste.
Abraços
Olá Pxaranha!!
EliminarEstava a pensar em um dia destes grelharmos um peixinho também....que achas? He! He! Assim terei mais um a dizer-me das boas! Lol
Estou com saudades vossas :)
Um grande abraço da n/parte!