" Paz das montanhas, meu alívio certo! "

26/06/2012

A Ponte do Diabo


A Câmara Municipal de Montalegre, Ecomuseu de Barroso e junta de freguesia de Ferral, realizam, a 7 de Julho, a festa da Ponte da Misarela. Regressa a magia a um dos locais mais míticos do concelho de Montalegre.

PROGRAMA
09h00 - Concentração de caminheiros (Campo de jogos de Vila Nova)
10h00 - Inauguração do Trilho Misarela - Entre Cávado e Rabagão
10h30 - Início da caminhada
14h00 - Abertura da feirinha tradicional
17h00 - Apresentação da Tuna Universitária do Minho
19h00 - Atuação da Tuna Universitária do Minho (Ponte da Misarela)
22h00 - Representações das lendas "Ponte do Diabo" e "O Batismo" (Ponte da Misarela)
23h30 - Desfile da Tuna Universitária do Minho
24h00 - Animação com DJ José Araújo aka Zé Mix


LENDA
«Conta-se que há muitos anos, entre duas aldeias, Frades e Vila Nova, os moradores sentiam a necessidade de construir uma ponte, que serviria de passagem não só para eles mas também para os seus animais.
Após terminar, regressaram satisfeitos às suas casas. No dia seguinte, qual não foi o espanto, quando viram a ponte derrubada. Mas isto não foi motivo para desistirem e logo a reconstruíram novamente. Desta vez, enquanto a construíam, a ponte começou a estalar, a estalar, até que acabou por cair. Então as pessoas disseram umas para as outras:
– Isto só pode ser artimanha do diabo.
E de repente ouviram uma voz alta dizer:
− Nunca conseguireis segurá-la em pé.
Aflitos, correram a contar ao padre da freguesia o que ali se tinha passado. O padre, surpreendido e num tom animador, disse:
– Homens, voltai a reconstruí-la, porque desta vez não vai cair.
Pela trigésima vez, a ponte iria ser reconstruída, mas desta vez o padre acompanhou-os, levando um pão benzido debaixo do capote. Quando foi colocada a última pedra, a ponte começou a torcer-se, dando sinais de que iria cair. Então o padre lançou o pão a rebolar pela ponte e disse:
– Em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo.
O diabo, ao ouvir as palavras de Deus, fugiu e a ponte ficou sempre torta como se tivesse o ombro do diabo marcado quando estava a empurrá-la.
Não só aconteceu o milagre do pão como também desde esse dia outro milagre aconteceu: que é o de salvar os filhos das mães que tanto os desejavam e que nunca conseguiram dar-lhes vida, pois estes nasciam mortos após os seis ou sete meses de gravidez.
Uma mulher que já tivesse passado pela situação descrita e estivesse novamente grávida, deveria ir até à ponte da Misarela levando consigo dois acompanhantes e deveriam à meia-noite em ponto estar em cima do arco da ponte. Os acompanhantes teriam de se colocar um em cada entrada da ponte para impedirem que nenhum animal passasse, ainda que fosse um rato, pois se assim fosse o milagre não se realizava.
A mulher grávida e os acompanhantes teriam de esperar em cima da ponte até que alguém passasse para baptizar a criança ainda dentro da barriga da mãe. Para o baptizado, levavam um jarro e uma corda comprida e, quando aparecesse a primeira pessoa, pediam-lhe para ser o padrinho ou madrinha da criança.
Então o padrinho ou a madrinha teriam de cortar ao lado da ponte um ramo de oliveira. De seguida lançava o jarro preso na corda abaixo da ponte e com a água que conseguisse colher molhava o ramo e fazia uma cruz na barriga da mãe dizendo:

Eu te baptizo
em nome do Pai,
do Filho,
e do Espírito Santo.

Se fores rapaz,
teu nome será Gervás;
e se fores rapariga,
teu nome será Senhorinha.

Pelo poder de Deus
e da Virgem Maria,
um pai-nosso
e uma avé-maria.

Após o baptizado, regressavam a casa e dali a nove meses o bebé nascia com saúde. E não só nascia o primeiro filho como também outros que o casal desejasse sem necessidade de um tratamento hospitalar».

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