01-12-2010
Chegou a primeira vaga de frio deste quase final de ano. Embora ainda com a presença de uma das estações mais belas de sempre, o Inverno resolveu antecipar-se e com ele trouxe a primeira neve. Como não podia deixar de ser, depois de ver as notícias na TV que falam de quase tudo nestas alturas, menos do nosso Gerês , foi graças às informações que vamos obtendo do blogue Carris, que ficámos logo a saber que a linda serra já estava pintada de branco no dia anterior, e não pensando duas vezes lá fomos nós tentar a nossa sorte! E que grande sorte! Já tínhamos passado Braga quando avistámos as primeiras montanhas brancas, com o sol a reflectir nas mesmas, de ferir o olhar de tanta luz e excelência! O dia estava claro e perfeito, completo de sol e apenas algumas nuvens muito cãs e arredondadas, prometia! A nossa finalidade era ver a mata da Albergaria. Já tínhamos tentado no ano passado mas a estrada estava interrompida, será que desta vez iria acontecer o mesmo? Passamos a vila do Gerês e poucos Kms mais acima estava o sinal que tanto temíamos… “Transito proibido”. Mas desta vez demos a volta ao contexto e determinados invertemos a marcha , passamos novamente pela Vila, passamos a ponte e fomos por S. Bento até ao campo do Gerês. Confesso que ainda não tinha ido lá mais depois dos grandes incêndios que lavraram na serra amarela e na Calcedónia. Já bastou assistir ao triste cenário na televisão, ver ao vivo iria doer muito mais, aguardaria a primavera e a primeira vegetação. Mas desta vez fomos. Fomos porque a serra amarela que passou a serra negra era agora uma serra branca e singela. A Calcedónia também estava vestida da mesma cor e imponente como sempre, magnífico! Na Albufeira de Vilarinho dava para perceber que do outro lado estava um pouco das pedras da aldeia submersa de Vilarinho das Furnas a espreitar fora da água intensamente azul . A Albufeira estava mais vazia, devem de ter descarregado água da barragem. Uma vez ali e para chegar à estrada nacional que atravessa a mata da Albergaria, só havia uma direcção: seguir pelo famoso caminho de terra batida da bouça da mó. Fomos um pouco tensos no início pois não sabíamos o estado em que se encontrava. Logo mais à frente cruzámos com um carro, depois uma carrinha e um jipe. A carrinha e jipe não não são exemplo, mas o carro se veio de lá para cá, também dá para ir de cá para lá, e continuava a nossa viatura a marchar muito lentamente devido aos frequentes buracos cobertos de água. Pouco mais á frente já se avistava neve nas bermas verdes e húmidas e já os marcos miliares da geira romana estavam cercados da mesma. Haviam bastantes piscos-de-peito-ruivo a atravessarem-se no nosso caminho, pareciam estar delirados com a nossa visita! Belo cenário! Parámos à frente perto de uma das muitas casas florestais que infelizmente já não têm utilidade nesta era. Os miúdos começaram a ter contacto com a primeira agua congelada e as primeiras bolas começam a voar e a atacar! Estavam delirados! Continuámos , fomos até à portela do homem onde aí ficou a viatura. Enchemos as barrigas, sopinha quente para os miúdos e toca a abalar que este raro momento presente precisa de ser saboreado ao máximo!
O resto já não me saem as palavras mais belas, intensas e adequadas para descrever o que senti durante todo o percurso. Fizemos a mata quase até à portela de Leonte, só não fomos mais porque o nosso miúdo mais novo já estava a ficar cansado de tanta excitação e ainda tínhamos que fazer tudo para trás, o bom senso aqui prevaleceu. Ficou-me marcado neste trilho a fragrância da vegetação e da terra húmida, até as escorrências de água pareciam perfumadas. Subi só um pouco à costa da Sabrosa, e olhando lá para cima senti uma enorme vontade de ser uma ave rapina para poder voar e apreciar o belíssimo cenário que lá devia residir. Para terminar tinha que haver o tradicional boneco de neve, tanto pedido pelos miúdos e que fomos faze-lo num dos currais dos antigos habitantes da aldeia de vilarinho das furnas. Espero que eles não levem a mal e já agora dedico toda a felicidade que partilhamos e que sentimos naquele local, a toda a boa gente que já habitou a bela aldeia, tanto aos que já se foram como aos que ainda cá estão! Um bem haja!
Aldeia submersa de Vilarinho das Furnas |
Pisco-de-peito-ruivo |
Marcos miliares ( Parte da Geira Romana) |
Carris estás tão perto e tão longe! Prometo que te vou visitar novamente! |
Rainha destas redondezas,que já me fizes-te chorar quando me senti impotente!As chamas consumiram-te, mas aí estás tu montanha encantada! |
Se eu te pudesse abraçar! |
Bela serra das três cores! Será que para a primavera vais estar novamente coberta de amarelo? |
Calcedónia |
Se eu pudesse voar!! |
Que fotos lindas maninha :) Estou a ver que o passeio em família no feriado foi muito divertido ;) Beijinhos
ResponderEliminarPodes crer! Pena não teres podido partilhar pessoalmente este momento connosco! Mas partilho estes registos pois é uma forma indirecta de partilhar a nossa felicidade momentânea.
ResponderEliminarLindo Susana!
ResponderEliminarquantos de nós gostariamos de percorrer o branco do Grês.Como sempre, a minha enorme admiraçao pela simpática familia que sois e pelaforma natural com que dais aos vossos filhos estes ensinamentos...cabe aqui tambem unir-me á vossa homenagem ás gentes da aldeia de Vilarinho das Furnas...seja com o vosso boneco de neve, seja com um simples olhar comovido...sem palavras ,mas com muito sentir !
Isso mesmo..falar do Gerês é nao esquecer as transformaçoes quea mãe natureza lhe dá e não esquecer nunca , o que o Homem fez...de bom e de mau .
Adorei o teu blogue... Força com coisas lindas!
Um abraço do tamanho do mundo ...Teresa Pereira
Obrigado Teresa!
ResponderEliminarAdoro partilhar coisas lindas para a gente que também fazem parte da mãe natureza, gente linda por fora mas principalmente por dentro!
Um grande abraço para ti também!