" Paz das montanhas, meu alívio certo! "

27/02/2011

A Guerra às mimosas

"Os grandes momentos merecem ser partilhados"

Durante os dias 26 e 27 deste mês realizou-se, no PNPG, a primeira acção de voluntariado deste ano intitulada " A Guerra às mimosas", destinada ao combate desta infestante, numa das áreas afectadas pelos incêndios florestais de Agosto de 2010.
Esta iniciativa foi promovida juntamente com a colaboração do Parque nacional da Peneda-Gerês  pelo blogue Carris, em conjunto com a comunidade do Gerês no Facebook e teve também a parceria do parque de campismo da Cerdeira, que disponibilizou o seu espaço gratuitamente a todos os voluntários que puderam e quiseram pernoitar, para continuar os trabalhos no dia seguinte.
Durante dois dias as equipas de voluntários colaboraram no arranque das plantas infestantes mais jovens, na Zonas de Lamas e Vimoeiro, de Terras do Bouro.

A mimosa é uma árvore nativa da Austrália, de crescimento rápido de fácil propagação e resistência. Origina por esta altura do ano umas flores amarelas que realça as paisagens de qualquer localidade, dando um aspecto gracioso, mas apesar desta sua beleza que muita gente aprecia, trata-se de uma autentica planta infestante!
Desenvolve-se muito rapidamente depois dos fogos e praticamente não deixa mais nada crescer à sua volta!
Esta planta foi cultivada em Portugal no início do século passado como espécie florestal, com o finalidade de fixar os solos, mas sendo uma espécie invasora como actualmente se sabe, provavelmente é a mais agressiva em sistemas terrestres no nosso país.
Compreende-se portanto o porquê desta espécie não ser bem vinda ao único parque nacional que temos, constituído por espécies autóctones, as quais correm sérios riscos de serem ameaçadas por esta planta "egoísta" e que nem o fogo consegue extingui-la! 

Verdade!Quem pensa que o fogo acaba com as mimosas estão muito enganados, elas têm o diabo à beira!

Tomei  também a decisão de participar nesta acção, sem dúvidas ao qualquer hesitação, desde logo que soube da notícia. Partilhei a mesma com alguns amigos da montanha e também com a  secção de montanha de um clube, possivelmente dos primeiros a surgir. Por incrível que pareça, e apesar de aparentemente alguns terem a vontade de participar, ninguém compareceu.
Mas como os actos valem mais que as palavras, fui na mesma cumprir o meu dever. Um dever pessoal, da necessidade de entrar em acção, e de não insistir com os outros para que façam o mesmo. Fica na consciência de cada um.

Mesmo assim e durante as últimas semanas e vésperas da acção à porta, ouvi comentários do género:
- E então este fim-de-semana vais novamente para o  Gerês?- Sim, no Sábado! mas vou arrancar mimosas!" A gargalhada foi geral.....
"- Vais arrancar o quê?!!" ( Riso cínico)
"- Porquê?!"
"-Vem daí passear connosco, poupa-te um bocado! Inventa uma desculpa!"

Ah!! O dia estava mesmo bom para dar um belo passeio! Mas vos digo, não podia estar melhor para dar guerra às mimosas!

Depois do encontro marcado e de uma breve explicação pelo prestável organizador Rui Barbosa, dirigimo-nos para perto da casa florestal de Lamas e aí foram formadas as respectivas equipas do combate, cada uma acompanhada por um funcionário do parque nacional, que nos orientou e explicou como proceder e esclareceu todas as dúvidas que nos iam surgindo.
O que aparentemente parecia ser fácil, tornou-se numa actividade de fazer transpirar qualquer um!
A ideia era simples, arrancar as mimosas mais pequenas, de preferência isoladas,  sempre pela raiz para que não fique nenhum vestígio no solo. Depois colocar as mesmas em cima de uma pedra de preferência de raiz para cima para secar. Quanto às grandes terá de ser feito por equipas especializadas, um processo demoroso, dispendioso e pelo que percebi burocrático! ( Ai meu país que és tão lindo e tão complicado).
Ora meus amigos! Quando começamos a descobrir as primeiras "meninas", foi de perder o fôlego de tanto arrancar e puxar!
Os primeiros rebentos quase todos quebravam ao tentar retira-los, poucos eram que saiam com a raiz. Esgravatámos a terra à sua volta e para grande surpresa nossa, os mesmos rebentos inocentes que espreitavam cá foram, surgiam de autênticas teias e labirintos de raízes subterrâneas e que pareciam não ter fim!
Poderia dizer naquele momento que era um trabalho inglório! Como é possível?
As plantas maiores conseguia-se arrancar depois de muita persistência e todas as mãos por ali perto eram bem vindas para puxar, esgravatar e procurar a origem das suas raízes. Em alguns casos era quase um desespero! 
Uma mistura de cansaço e frustração se uniu à mistura de barrigas já quase vazias e sem força para mais.
A pausa para o almoço foi bem vinda e óptima para carregar as nossas baterias preciosas para funcionarem bem na parte da tarde.
Foi com imenso gosto que fiz questão de partilhar dois bolos que preparei na véspera, por todos naquele momento presentes. Foi como uma espécie de agradecimento para com toda aquela boa gente.

A minha felicidade do momento tinha de ser partilhada!

Retomamos depois do almoço, com duas equipas, em força "vamos a elas"! Agora sim com a barriga cheia o ânimo foi outro. Para além de já conhecermos as manhas que se escondiam, a vontade de arrancar era já uma mistura de força e raiva uma autêntica explosão, contagiante para quem assistia e se juntavam aos soldados de combate! Lindo de se ver! E tinha de ser registado na máquina que levava e que me pregava algumas partidas de vez em quando, pena pois podia ter registado mais. De qualquer maneira estava ali para trabalhar e não para fotografar.

Para a honra de alguns acontecimentos nem sempre é necessário que as causas fiquem ocultas.
Começo dos trabalhos, parte da tarde.


Carraças!!!

Toca a subir a Colina!


E não para de subir, as forças já faltam para arrancar as que surgem pelo caminho!

Esta saiu direitinha!


Mas o que se passa aqui?!

E não desistem....

Até pedras valiam como ferramentas.

E finalmente eis o resultado!Bom trabalho rapazes!

E aí vai mais uma...são terríveis!


Houve quem levasse ferramentas mais modernas.

Esta era das grandes.

E com muita mulher por perto...

Coitada está tramada!!Elas nunca desistem!

Até os mais novos trabalhavam.

E conseguimos!Não temos muitos músculos mas todas unidas deu resultado!

 Eis o troféu!

Não se nota, mas um pequeno carvalho veio junto com a mimosa arrancada, que o rodeava e o atrofiava.

Inicialmente pensou-se em colocar aqui...mas...não estava seguro.

Decidimos salvar o carvalho e planta-lo num declive mais abaixo.

Com muito cuidado.

Mãos de artista!


Com uma pequena estaca, agua por cima.

Ei-lo!! Cresce e prospera amigo!

O terreno de batalha iam ficando para trás.Parece que por aqui passou um ciclone.

Menos uma, faltam 1 milhão.

Decisão, desejo e acção, foram a chave mestra para abrir e concretizar estes dois preciosos dias.
Dois dias não é nada, para combater esta infestante, são precisos anos! Mas serviu, a meu ver, para dar o exemplo e para provar aos "senhores de gabinete" que não falta gente com vontade de trabalhar para um bem comum. Há muita força de vontade de mudar este local sempre para melhor, não falta gente  com capacidades para tudo e muito mais! Portugal está cheio de gente com garra, capacidade, iniciativa, o que nos impede, é a luz vermelha quase sempre presente, pressionada por quem teima em não tirar o dedo do botão errado, e que faz questão de dizer que entende da matéria, porque tem um diploma! 

Agora  sim já posso dizer: Não tirámos nenhum curso para este dia, mas aprendemos imenso sobre a matéria, porque ouvimos as explicações dos homens que conhecem o terreno, sentimos o calor do dia, a camaradagem sempre pronta a acudir os obstáculos, mexemos e cheirámos a terra, sujámos-nos, lavamos as caras nas linhas de água que cruzavam os caminhos, subimos colinas, derrapámos algumas vezes e ficámos com algumas nódoas negras e arranhões, as mãos ficaram doridas de tanto puxar, mas agora sim já posso dizer, já percebemos bem da matéria, pois estivemos lá . Venha a luz verde para continuar, para aumentar e para pôr muito boa gente que precisas de trabalhar, a fazer algo de útil para o bem de todos. Isto é só um pequeno exemplo de muitas coisas mais que se podem fazer.Uma paisagem conquista-se com as solas dos sapatos, com as mãos na terra, não com rodas de um automóvel de último modelo com o motorista particular a dirigi-lo, quase sempre para o caminho errado.

Já Nietzche dizia: "As paisagens insignificantes existem para os grandes paisagistas; as paisagens raras e notáveis são para os pequenos".

Não posso deixar de encerrar esta página sem agradecer aos que tiveram a iniciativa de organizar este evento e aos que se juntaram aos mesmos, aos funcionários do PNPG que disponibilizaram o seu tempo para nos orientar e que me deram a oportunidade e o prazer de ouvir as suas experiências em campo ao longo deste anos, aos grupos de jovens escuteiros que mais uma vez deram o bom exemplo, aos grupos de montanhistas que abdicaram de um belo fim de semana para passear os meus sinceros parabéns,  e a todos os mais que receberam o convite e fizeram questão de dar um pouco de si.
Foi uma honra partilhar este dia com todos os que participaram e as grandes alegrias merecem sempre partilhas também. Viva o Gerês!

"Devo à paisagem as poucas alegrias que tive no mundo"
                                                                               - Miguel Torga-

20/02/2011

Trilho dos Moinhos


Igreja de St.ª Isabel
 
E faz hoje precisamente um ano, que tivemos o prazer de participar em mais uma marcha com o CCP.
Uma visita aos moinhos de St.ª Isabel do Monte em Terras do Bouro, por sinal bem recuperados, são agora autênticos pequenos museus. Alguns deles ainda funcionam e são actualmente um interesse nas actividades pedagógicas sendo também uma ponte de interesse turístico e cultural.
Bem podem sentir orgulho a gente desta terra, pelo empenho que tiveram em recuperar este pequeno património, pois não fazem ideia da quantidade de moinhos degradados e espalhados por este Portugal! Pena!
O Percurso começou em St.ª Isabel do Monte seguida de uma visita a alguns moinhos, passando depois pelas aldeias de Rebordochão e Seara.
O dia começou com uma chuva miúda mas que rapidamente passou, dando origem a umas abertas com os raios de sol a projectarem-se nos verdes campos desta bela região eminentemente agrícola. As paisagens são naturais e de um ambiente sereno, aliando o contacto entre o Homem, a Natureza, a cultura e a vida quotidiana das suas gentes.
E lá vamos nós!
Ribeiro da Ponte
Um simpático habitante com o seu ganha pão.

Belo cabide...
Primeiros moinhos.




O verde musgo predominava uma grande parte deste trilho.


Coisa digna de se ver e rever! musgo até às pontas!










 Vimos em paz!






Está visto! Muito bonito e bem conservado! Assim dá gosto.

Rebordochão

Paragem técnica
Garranos



De Esperanças!


Uma mãe com as suas belas crias. Não sei como há gente capaz de as comer...

Seara



Sempre muito fotogénicos!

Os animais andavam à vontade pelas pequenas ruas.

Tão à vontade, que este bichinho a dada altura começou a correu atrás de mim! Também tentei meter conversa com ele...


Tivemos que dobrar a curva com este belo " bicho" a mirar-nos pelos canto do olho.



O sol com um ar da sua graça.



Final do dia...ainda dia.